quinta-feira, 28 de junho de 2012

TIO, VOU PECAR, MAS VAI SER SÓ DESSA VEZ!





 
Certa vez ouvi essa frase e fiquei matutando sobre ela. “Tio! Vou pecar, mas vai ser só dessa vez!” Quantas vezes caímos na tentação dessa afirmação? Pois é, mas o pior é que o diabo também pensa assim. Ele é esperto e sabe das nossas fraquezas. Por isso mesmo ele nos tenta, se insinua, nos cerca, nos faz propostas que parecem mais vantajosas aos olhos mundo mundano atual.
Primeiro, ele começa fazendo um esforço danado para nos afastar do reto caminho, das coisas de Deus... Nos apresenta planos, projetos, programas melhores dos que o da igreja. As festas para as quais ele nos convida são regadas aos prazeres do mundo e isso ilude muito nossos jovens (parece ter mais alegria; mais fantasia; mais ilusão...).
Assim, vou pecar, mas só dessa vez!
Pena que desses pecadores o inferno esteja cheio, porque para tudo precisa haver uma primeira vez, inclusive para o pecado.
Com isso, o diabo apresenta-nos pessoas que aos olhos do mundo são mais divertidas, são melhores, porque não nos corrigem, não nos impõem limites, nunca dizem que estamos errados, mesmo vendo que estamos indo para o fundo do poço. Na verdade não são amigos, são parceiros, companheiros ou outro adjetivo de companhia, menos amigos. Porque os amigos verdadeiros nos repreendem, nos puxam orelhas nos chamam a atenção. Mas vejam também se na hora da necessidade, quando realmente precisamos de um ombro para chorar eles são os que estão lá. Sempre prontos. Não tem hora, dia ou lugar. As vezes até são chatos, reinentos ou sei lá quantas coisas mais, mas sei que com eles em posso contar sempre e no fundo isso é o que realmente importa.
Assim, quando os “parceiros” nos propõe um afastamento dos valores da igreja, pensamos, tá bom, vou fazer isso que me propõe, vou pecar, mas vai ser só dessa vez. O demônio para quem não sabe é esperto. Ele sabe apelar também para nosso desejo de ser esperto e inteligente. Ele sabe também quais são os nossos verdadeiros desejos. Ele sabe que quanto mais longe de Deus, mais perto dele nós ficamos, por isso, suas propostas também parecem muito boas.
Cristo nos alerta “estejam vigilantes” (veja a parábola das dez noivas – Mateus 25, 3-8) o inimigo nos deixa relapsos. Elas ficaram sem óleo, ficaram no escuro. E tu, não tens medo da escuridão? Quando nos afastamos de Deus, ficamos sem sua luz, ficamos desprevenidos e aí que o demônio coloca pensamentos nas nossas cabeças que podem nos levar a uma grande queda. Certamente ele deve ficar muito contente quando nos vê pensando assim: vou pecar, mas só dessa vez.
Caríssimos, observe que a primeira vez, com alguns pecados pode ser sua última. Convivo diariamente com jovens, adultos e casais, cheios de traumas, machucados no coração e cheios de sentimentos ruins, frutos desse primeiro pecado. Por acreditarem que seria somente aquela vez e sucumbiram a tentação e deram ouvidos ao maligno.
·     É com a primeira vez numa relação sexual que alguém perde para sempre sua virgindade (castidade). O que faz um jovem cristão diferente, especial aos olhos de Deus, casto e preservado para o seu matrimonio, deixa de ser, porque optou por pecar apenas essa vez.
·     É em uma única relação sexual que podemos pegar a AIDS ou outras doenças sexualmente transmissíveis.
·     É com o primeiro copo de bebida que o alcoólatra começa sua queda para o vício. Não foi o último copo que o destruiu, mas o primeiro.
·     Com apenas com uma pedra de crack que posso me transformar num dependente químico (viciado).
Assim, se de alguma forma tu estas sendo tentado pelo diabo, para pecar “MAS SOMENTE DESSA VEZ” repense. Será que tu não estás sendo imprevidente (ficando sem óleo). Será que não estás te afastando de Deus e de seus projetos. Será que não precisaríamos justamente fazer o caminho inverso? Precisamos reforçar nossa oração, nos aproximarmos mais daqueles que realmente querem o nosso bem e que podemos chamar de amigos/irmãos...
Pense bem, as propostas do maligno aos “olhos do mundo” são melhores do que as propostas de Deus, agora compete a ti para quem vais dizer: SIM, EU QUERO e EU VOU... Se é para Deus ou se é para o diabo. Portanto, veja que Deus na sua infinita bondade, nos mostra e nos chama para o caminho da salvação, coloca em nossas vidas anjos e sirineus, mas também nos da liberdade total para escolhermos para onde queremos ir: se é para o céu ou se é para o inferno.
E tu queres ir para onde?
Pense nisso, antes de dizer, vou pecar, mas só dessa vez!
Shalom!

segunda-feira, 18 de junho de 2012

ANEL DA PUREZA (do Professor Felipe Aquino)






 
Circula na internet uma matéria com o titulo acima, publicado na imprensa (Dolores Orosco, G1, São Paulo). Ídolos pop levantam a bandeira da virgindade e fãs adotam ‘anel da pureza’, como símbolo da abstinência sexual até o casamento. Os Rapazes do Jonas Brothers, Miley Cyrus, atriz de ‘Hannah Montana’, o trio Jonas Brothers,  usam o anel.
Por exemplo, o estudante paulistano Paulo Sérgio dos Santos, de 18 anos, fã dos irmãos americanos Kevin, Joe e Nick – os Jonas Brothers –  resolveu adotar a idéia e afirma:  ”O anel é discreto, mas tem um significado especial. Sempre planejei me guardar para a mulher certa”.O “anel da pureza” surgiu  nos Estados Unidos, em 1994, na cidade de Baltimore, capital do estado de Maryland,  Estados Unidos, com o programa “True Love Waits” (Quem ama, espera!) , que prega a abstinência sexual até o casamento.
O projeto percorre escolas e instituições ligadas à juventude; começou na Igreja Batista e depois foi adotado por diferentes crenças em mais 13 países. Segundo Jimmy Hester, coordenador do TLW, cerca de 3 milhões de jovens fazem parte do programa. “Esse é o número que temos documentado. Durante as palestras, alguns adolescentes assinam nosso acordo de adesão”, diz. No início, a organização lançou uma pulseira de plástico para simbolizar a filosofia. Depois o acessório foi trocado por um pingente de prata, mas só ganhou popularidade com o “anel da pureza” – acessório que pode ser usado por meninas e meninos. “Não fabricamos mais a jóia. Atualmente há inúmeras instituições que as vendem e alguns jovens preferem desenvolver seu próprio anel”, diz Hester.
O pacto que assumem diz o seguinte: “Acreditando que o verdadeiro amor espera, eu me comprometo diante de Deus, de mim mesma, minha família, meu namorado, meu futuro companheiro e meus futuros filhos a ser sexualmente pura até o dia em que entrar numa relação de casamento” (Jornal do Brasil, Ana Maria Mandin, 12/03/94).Nos Estados Unidos, o TLW é alvo de críticas, o que não é de se espantar num mundo onde o que tem valor é o “politicamente correto”, muitas vezes imoral.
Alguns especialistas acreditam que estes jovens ainda não têm maturidade para optar pela abstinência. Mas o coordenador discorda. “Acredito que os críticos não dão crédito suficiente para a nossa juventude. Quando os moços são conscientizados sobre as conseqüências físicas, emocionais e espirituais que uma vida sexual ativa engloba, eles se tornam capazes de tomar a decisão correta”.
É lamentável que alguns “especialistas” pensem que a juventude só é capaz de aderir ao vício e ao pecado, e não à virtude. A ginecologista Albertina Duarte Takeuti, coordenadora do Programa Saúde do Adolescente da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, considera a opção pela virgindade “válida” e acha positivo que o tema venha à tona graças aos ídolos do pop. “Todo adolescente acha que suas verdades são absolutas. O importante é respeitá-lo em seus valores e manter um canal de diálogo aberto”, defende.O coordenador do TLW diz “celebrar” o fato de que artistas famosos preguem a castidade. “Ficamos satisfeitos com a postura dos Jonas Brothers. Mas ela é tão importante quanto a do garoto que vive numa comunidade rural e passa a idéia adiante”, compara Hester.
Certamente alguns jovens poderão usar o anel mais como moda que para eles pode ser passageira, mas é certo que muitos  o usarão com convicção e poderão estimular muitos outros a viverem a beleza da virtude da castidade. A lei de Deus manda não pecar contra a castidade.  Este exemplo do TLW não é único, e mostra o renascer da castidade. Quando o Papa João Paulo II esteve nas Filipinas, em janeiro de 1995, houve uma concentração de 4 milhões de pessoas para participar da missa que ele celebrou em Manilha; nesta ocasião um grupo de 50.000 jovens entregou ao Papa um abaixo assinado se comprometendo a viver a castidade. Ela é a virtude que mais forma homens e mulheres de verdade, de acordo com o desejo de Deus, e os prepara para constituir famílias sólidas, indissolúveis e férteis. 
 É preciso, portanto, que nós cristãos, tenhamos coerência e coragem para transmitir aos jovens esses valores, que são divinos e eternos. O remédio principal que a nossa sociedade doente precisa é de uma escala de valores condizente com a dignidade humana, sob pena de nos igualarmos aos animais. O homem não é apenas um corpo; tem uma alma imortal, criada  para viver para sempre na glória de Deus. Isto  dá um novo sentido à vida. Não fomos criados para nos contentarmos apenas com o prazer sexual passageiro. Fomos feitos para o Infinito, e só em Deus satisfaremos plenamente as nossas tendências naturais. 
Já é hora de voltarmos a falar aos jovens, corajosamente, sobre a importância da castidade e da virgindade. Também nós católicos estivemos muito tempo “encolhidos” de medo de um mundo neo-pagão que ri da castidade e da pureza da alma. Não há, sem dúvida, melhor preparação para o casamento e para o futuro, do que viver a castidade na juventude. 
Precisamos mostrar aos jovens que para haver a castidade de atos, é necessário haver antes a castidade de pensamentos, palavras e desejos. É preciso, corajosamente, desafiá-los a dizer não a toda prostituição, pornografia, filmes eróticos, moda excitante, etc. É preciso mostrar-lhes que  cada corpo humano é templo do Deus vivo que ali habita pelo seu Santo Espírito (1Cor 3,16; 6,19). 
Infelizmente a pregação da Igreja, com poucas exceções, arrefeceu diante do avanço da imoralidade, e, por isso, ela grassou rapidamente.  Muitos e muitos jovens se separam com poucos anos de casamento, porque não exercitaram a sua vontade na luta árdua da vivência da castidade. 
Quanto às críticas, paciência!  O Senhor  disse: “Felizes sereis quando vos caluniarem; quando vos perseguirem e disserem falsamente todo o mal contra vós por causa de mim. Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus…” (Mt 5,11-12).
Prof. Felipe Aquino – http://www.cleofas.com.br/

sábado, 16 de junho de 2012

O QUE TU LEVAS NA TUA BAGAGEM?






Quando a vida começa, temos apenas uma mala pequenina de mão...
A medida em que os anos vão passando, a bagagem vai aumentando...
Porque existem muitas coisas que recolhemos pelo caminho...
Porque pensamos ser importantes...
Porém, num determinado ponto do caminho começa a ficar insuportável carregar tantas coisas. Pesam demais!
Então podemos escolher:
Ficar sentado à beira do caminho, esperando que alguém nos ajude, o que é difícil, pois todos que passam por ali já tem sua própria bagagem. As vezes algum até com excelente boa vontade até nos ajudam no caminho... mas não podem carregar nossa bagagem a vida toda... E ai, tu poderás ficar a vida inteira esperando. Ou tu podes aliviar o peso, esvaziando a mala.
Mas, o que tirar?
Primeiro, começa tirando tudo para fora e (re) descobrindo o que tanto tem dentro:
AMOR – AMOR – AMORAMIZADEAMIZADE... AMOR – AMIZADEAMOR...
Nossa! Tem bastante, e o curioso... Não pesa nada!
Porém, tem algo ainda pesando...
Tu faz força para tirar... É a RAIVA, e como ela pesa!
Aí tu começas a tirar, tirar, tirar de repente aparece:
                a  INCOMPREENSÃO,                 o  MEDO,                 o  PESSIMISMO
Nesse momento, surge o DESÂNIMO       PESAR            ARREPENDIMENTO             Nossa! Quase te puxa  pra dentro da mala...
Mas tu puxas para fora com toda a força, e, de repente                 aparece um SORRISO, sim, O SORRISO que estava sufocado                           no fundo de tua bagagem....
Pula para fora outro sorriso e mais outro, e aí sai a FELICIDADE.
Tu colocas novamente as mãos dentro da mala e de repente tira pra fora a TRISTEZA.
Agora, você vai ter que procurar a PACIÊNCIA dentro  da mala, pois vais precisar bastante....
Procure então o resto:
       FORÇA      ESPERANÇA       CORAGEM - ENTUSIASMO       EQUILÍBRIO     RESPONSABILIDADE
NOSSA! QUANTA COISA TINHA DENTRO...
Ah veja só, saiu a TOLERÂNCIA       o BOM HUMOR, bah, nem lembrava mais dele...
Tire a PREOCUPAÇÃO também, e deixe de lado.
Lembre-se: DEUS PROVERÁ!
Depois de olhar para dentro da bagagem (QUE ESTÁ DENTRO DO TEU CORAÇÃO), tu deves pensar o que fazer com ela...
Bem, tua bagagem está pronta para ser arrumada de novo...
Mas pensa bem no que vai colocar lá dentro!
Agora é contigo...  E não se esqueça de fazer isso mais vezes...
Faça essa revisão em casa... dentro do teu movimento... na Capela do Santíssimo, enfim... faça onde o teu coração lhe pedir... mas faça...
E nunca esqueças de levar junto A PALAVRA DE DEUS!
Um feliz e abençoado final de semana...
SHALOM!!!

terça-feira, 5 de junho de 2012

SOU UM ANJO BOM ou ANJO MAU? A ESCOLHA É MINHA!






Que história é essa de que os anjos pecaram e surgiu o inferno?

Deus criou todos os Anjos bons e belos, mas muitos se revoltaram por soberba, quiseram "ser como Deus"; não se aceitaram como criaturas de Deus e por isso foram expulsos da Comunhão com Deus, isto é, o Céu; e foram viver sem Deus e contra Deus; surgiu assim o Inferno, que não é um lugar de fogo, mas um estado de frustração, ódio a Deus e às suas criaturas.

Diz o livro do Apocalipse: "Houve uma batalha no céu, Miguel e seus anjos tiveram de combater o Dragão. O Dragão e seus anjos travaram combate, mas não prevaleceram. E já não houve lugar no Céu para eles" (Ap 12, 7-8)

Nós também travamos uma luta diária contra o mal... as propostas dele são tentadoras, brilhantes, muitas vezes parecem maravilhosas, difíceis de dizer não...

É difícil dizer não ao consumismo...

É difícil dizer não aos deuses do TER, PODER e PRAZER...

É difícil dizer não para as drogas, o álcool, o fumo...

É difícil dizer não para apologia do corpo...

É difícil dizer não às tatuagens, aos piercings, aos alargadores, as mutilações do corpo...

É difícil dizer não para o hedonismo (uma busca egoísta pelos prazeres materiais a qualquer preço)...

É difícil dizer não ao sexo irresponsável, às orgias, ...

É difícil dizer não ao ficar por ficar...

É difícil dizer não a tantas coisas mundanas...

Dessa forma diariamente, principalmente os jovens precisam travar uma luta entre o bem e o mal...

Quem vence?

Aquele que tu decides deverá vencer... para isso Deus te dá toda a liberdade de escolha... tens o teu “livre arbítrio”...

Para que tu suportes bem as tentações e consigas vencer o mal Deus te apresenta um exército de anjos bons... amigos/irmãos, te aproxima de pessoas, movimentos, grupos do bem, da paz e do amor...

Em compensação o exército do mal também tem seus anjos que te fazem os convites do mundo... que te levam para longe de Deus, que enfraquecem tua fé, te colocam contra teus próprios irmãos... passas a servir outros deuses que não o Deus da vida, do amor e do bem... passas a achar belo o feio e certo o errado...

O Evangelho dessa quarta-feira, de Sao Marcos, fala sobre os Saduceus... “aqueles que queriam confundir Jesus”... aqueles que não acreditavam na ressurreição, que valorizavam demais os bens materiais e viam a mulher como um objeto para uso e comércio...

Em síntese, se olharmos para a sociedade atual o que não faltam são “saduceus”... agora precisamos olhar para a resposta de Jesus... Deus não é um Deus dos mortos, mas sim dos vivos... temos um Deus que não nos orienta para os momentos terrenos, mas para a vida eterna...

E Jesus nos assegura que o que permanece para toda a eternidade não são os interesses econômicos com seu apego aos bens materiais, mas os atos de amor que constroem a vida.

Portanto, tu queres um Deus dos vivos (amor) ou queres um Deus dos mortos (mundo mundano)...

A resposta é só tua, através das tuas orações e ações...

Uma feliz e abençoada quarta-feira...

SHALOM!

ORIENTAÇÕES SOBRE SETOR JUVENTUDE DIOCESANO







Dom Eduardo Pinheiro da Silva
Introdução
Recentemente, tem ganhado espaço a discussão sobre a necessidade de criar um Setor Juventude nas Dioceses. As motivações e reações são diversas.
Há pessoas que encaram o Setor como uma solução para todos os problemas com evangelização da juventude na Diocese; outras utilizam o Setor como justificativa para reforçar alguns segmentos de juventude e minar a força de outros; outras, ainda, se fecham a qualquer tentativa de discussão sobre o assunto. Em muitos lugares, há dificuldade de entender exatamente o que seja o Setor, para que serve, como organizá-lo. Porém, observa-se que quando bem apresentada a proposta já começa a ganhar força em muitas Dioceses.
De qualquer forma, a discussão sobre o Setor colocou em foco a evangelização da juventude, especialmente após a aprovação do Documento 85 da CNBB “Evangelização da juventude: Desafios e perspectivas pastorais”. Muitos Bispos, padres, religiosas, agentes de pastoral e lideranças de segmentos juvenis têm solicitado à CNBB que apresente orientações para ajudar as dioceses a organizarem seu Setor.

Este material pretende responder a essa solicitação. Não traz modelos nem uma receita pronta de Setor; apresenta elementos para que as Dioceses reflitam a realidade da juventude e percebam a melhor maneira de organizar suas diferentes experiências de evangelização juvenil.

1 - O que é o Setor Diocesano da Juventude?
Na CNBB, em âmbito nacional, o Setor Juventude é o espaço que articula, convoca e propõe orientações para a Evangelização da Juventude, respeitando o protagonismo juvenil, a diversidade dos carismas, a organização e a espiritualidade para a unidade das forças ao redor de algumas metas e prioridades comuns (CNBB, Doc. 85, n. 193) à luz do documento 85 “Evangelização da Juventude”, das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil e do Documento de Aparecida.
Há um Bispo e um assessor responsáveis pelo Setor que, contando com a colaboração de uma equipe colegiada de assessores, respondem pela evangelização da juventude.

Na realidade diocesana, o Setor Juventude é um espaço de comunhão e participação para unir e articular todos os segmentos juvenis diocesanos num trabalho conjunto.

A missão do Setor, nesse sentido, é favorecer a integração e o diálogo, além de propor algumas diretrizes comuns para a evangelização, considerando as necessidades de cada realidade diocesana e as especificidades de cada segmento juvenil (cf. CNBB, Doc. 85, n. 195).
Fazem parte do Setor as experiências de evangelização juvenil existentes na Diocese:
Pastorais da Juventude, Movimentos Eclesiais, Novas Comunidades, Congregações Religiosas que trabalham com juventude, Catequese Crismal, Pastoral Vocacional, Pastoral da Educação, Pastoral Familiar, Pastoral do Adolescente, Pastoral Universitária e outros segmentos eclesiais envolvidos com evangelização juvenil (cf. CNBB, Doc. 85, n. 193 e anexo 5 gráfico C ). Há um processo de envolvimento dessas diferentes forças que exigirá tempo, atenção, acompanhamento, planejamento, acolhida, escuta, discernimento e conversão pessoal e pastoral. Nas Dioceses onde há Centros e Institutos de Juventude, estes também são convidados a fazer parte do Setor.

2 - Por que criar um Setor Diocesano da Juventude?
Ao lado da constatação dos grandes desafios que o mundo juvenil nos apresenta, nos deparamos com a riqueza de propostas evangelizadoras que temos em nossa Igreja. Acreditamos que, na medida em que estas forças estiverem melhor integradas numa pastoral de conjunto, poderemos responder com mais capacidade e resultados a este clamor por vida plena em todas as suas dimensões. Deste modo, o que nos motiva à existência do Setor Juventude é, em primeiro lugar, a realidade juvenil e a missão comum de evangelização que todos os segmentos têm diante do chamado de Jesus Cristo.
A criação do Setor Diocesano da Juventude favorece o diálogo entre os segmentos, a partir de reuniões conjuntas, reflexões comuns e algumas atividades assumidas coletivamente, em especial os eventos com caráter de massa (cf. CNBB, Doc. 85, n. 196). Muitas vezes podemos encontrar dificuldades de integração entre os diversos segmentos de juventude de uma Diocese, com resistências e críticas mútuas às atividades realizadas, jeito de evangelizar, organização, espiritualidade, etc. O Setor, como espaço de diálogo, buscará entender e respeitar a pluralidade que o constituiu, enfrentando os conflitos e valorizando as diferentes forças e potencialidades.
Faz-se necessário cuidar das atividades do Setor, evitando a multiplicação de reuniões para que estas, ao ocupar o tempo das lideranças naquilo que é comum não enfraqueça as organizações que essas lideranças representam. O Setor não substitui a organização própria de cada segmento, nem unifi ca a metodologia, espiritualidade, história...
Cada experiência de evangelização juvenil, mesmo participando do Setor, mantém sua organização e atividades próprias, com a novidade de projetos e eventos assumidos e realizados coletivamente.
Inclusive a diversidade é considerada uma riqueza e precisa cada vez mais ser conhecida, acolhida e valorizada (cf. CNBB, Doc. 85, n. 194-195).
Nas dioceses mais populosas, organizadas por regiões episcopais, foranias, vicariatos ou áreas pastorais é importante que se organize o Setor Juventude nesses espaços. No entanto, a organização do Setor em vicariatos, áreas pastorais, foranias ou regiões episcopais deve ser coordenada por uma equipe central – diocesana - que terá por responsabilidade oferecer e garantir linhas comuns para a evangelização da juventude na diocese.

São objetivos do Setor:
Garantir um espaço de reflexão, discernimento, tomada de posição e celebração conjunta dos diversos segmentos da Diocese frente à realidade juvenil e a nossa missão de evangelização;
Resgatar, no coração de todos, a paixão pela juventude;
Ser expressão eclesial e social da diversidade juvenil;
Fortalecer e ampliar a ação evangelizadora da Igreja;
Favorecer a integração e o diálogo entre os segmentos juvenis da diocese;
Propor algumas diretrizes, metas, prioridades e atividades comuns para a evangelização, considerando as necessidades de cada realidade diocesana e as especificidades de cada segmento juvenil.

3 - Desafios para implementação do Setor:
Para que o Setor seja expressão da pluralidade juvenil, é necessário superar alguns limites e difi culdades:

Falta de clareza quanto à proposta. Mesmo entre as pessoas que reconhecem a necessidade de articulação do Setor, percebe-se dificuldade para entender como isso se daria na prática...
Aí se entende porque há tanta procura por uma “receita” que funcione na Diocese. A clareza sobre o Setor virá como fruto da discussão coletiva a partir da realidade diocesana, com a contribuição dos responsáveis pelos diversos segmentos juvenis, com as orientações do Documento 85, do Setor Juventude da CNBB, dentre outras.
Ausência dos jovens na discussão sobre o Setor. Em vários lugares, a discussão sobre o Setor Juventude tem ficado restrita ao clero, religiosos e assessores adultos. No entanto, a articulação terá sucesso somente se contar com a contribuição dos jovens e adultos envolvidos com as diversas experiências de evangelização juvenil. A convocação para este processo deve motivar os jovens a fazer parte do Setor, numa postura dialógica de ouvir os jovens e considerar a bagagem sobre evangelização juvenil que eles/as trazem.

O Setor como tentativa de criar um “marco zero” na evangelização juvenil da Diocese.
Algumas dioceses têm discutido a criação do Setor Juventude sem considerar a história local de evangelização da juventude. Para tornar o Setor um espaço de comunhão, o processo de criação precisa considerar o que já existe de trabalho juvenil na diocese, sem buscar a homogeneização das diversas experiências.
Estas experiências apresentam limites e problemas, mas sua história e identidade devem ser respeitadas.

Diferentes modelos de organização juvenil.
Os segmentos juvenis não adotam uma forma única de se organizar; as instâncias de representação são diversas. É necessário que o Setor não se torne uma megaestrutura organizativa, nem pretenda substituir a organização própria das Pastorais da Juventude, da Renovação Carismática, dos Vicentinos, dos Focolarinos, das Equipes Jovens de Nossa Senhora, dos Movimentos de Adolescentes, das Congregações Religiosas... O Setor Diocesano da Juventude deve ser espaço de representação, para favorecer a comunhão no trabalho das diversas experiências juvenis.

Diferentes concepções de evangelização.
Embora haja consenso de que o papel de todo segmento eclesial é evangelizar são concepções diversas que fundamentam a prática: a experiência pessoal de Deus, a espiritualidade, a presença cristã no mundo. O Setor Juventude não deve existir para uniformizar as experiências nem suprimir as diferenças; deve, sim, reforçar que o essencial na evangelização é o discipulado e seguimento de Jesus.

Pouco ou nenhum investimento na evangelização da juventude. Muitas dioceses definem em documento que a juventude é uma prioridade, mas, na prática, não disponibilizam tempo, pessoas nem recursos para o trabalho com jovens. A criação do Setor não resolve todas as questões que envolvem a juventude. Para que o Setor funcione é importante que os segmentos juvenis estejam bem organizados, que haja uma equipe de referência com clareza de função e identidade e que esta equipe disponha dos recursos necessários para caminhar junto as juventudes.

Ausência de pessoas para acompanhar a evangelização juvenil. É escasso o número de pessoas dispostas a caminhar com os jovens e capacitadas para acompanhá-los nos processos de Educação na Fé. Para que o Setor caminhe é necessário investir na formação de assessores que reconheçam a diversidade juvenil como riqueza; tenham disponibilidade para acompanhar os jovens e suas organizações; demonstrem maturidade suficiente para, se necessário, mediar conflitos; e estejam dispostos a tornar o Setor um espaço que soma forças para a evangelização juvenil na diocese.

O Setor Juventude como suporte para a evangelização juvenil na diocese:
A reflexão sobre o Setor Juventude possibilita que a Igreja diocesana avalie seu diálogo com os/as jovens, bem como a visão de juventude que tem norteado a ação diocesana. Se as lideranças têm uma visão negativa da juventude, se não acreditam no potencial juvenil é pouco provável que as iniciativas sejam bem sucedidas. Para uma boa ação evangelizadora com a juventude, é fundamental reconhecer que Deus também fala ao mundo e à Igreja através dos jovens.
A evangelização da Igreja precisa mostrar aos jovens a beleza e a sacralidade da sua juventude, o dinamismo que ela comporta, o compromisso que daqui emana, assim como a ameaça do pecado, da tentação do egoísmo, do ter e do poder(CNBB, Doc. 85, n. 80). “O jovem é evangelizador privilegiado de outros jovens(CNBB, Doc. 85, n. 62) e, por isso, Jesus Cristo deve ser apresentado como aquele que “caminha com o jovem, como caminhava com os discípulos de Emaús, escutando, dialogando e orientando(CNBB, Doc. 85, n. 54).
Segundo o Documento “Evangelização da juventude”, uma das principais atribuições do Setor Juventude é estabelecer algumas linhas pastorais comuns para os diversos segmentos juvenis atuantes na Diocese (CNBB, Doc. 85, n. 195).
Tanto as pastorais como os movimentos, novas comunidades e congregações religiosas precisam se conhecer mutuamente e, juntos, encontrar seu lugar na Pastoral de Conjunto da Igreja local, em comunhão com as orientações específicas do Bispo Diocesano(CNBB, Doc. 85, n. 195). O Setor Juventude Diocesano, nesta perspectiva, não é uma “superorganização” para promover muitos eventos e atividades, mas a unidade de todas as forças ao redor de algumas metas e prioridades comuns para a evangelização juvenil (cf. CNBB, Doc. 85, n. 196).
Dito isso, cabe distinguir o que é essencial e o que é secundário nas várias experiências de evangelização da juventude. Por essencial entendemos os elementos constitutivos da evangelização, aqueles que caracterizam a vida cristã; secundárias são as opções que caracterizam o segmento e o diferenciam de outras experiências. Na tradição latino-americana pós Medellín, o fundamental na evangelização é o seguimento de Jesus Cristo em vista do Reino por ele anunciado. Para a Igreja do Brasil, o que é essencial na evangelização está expresso no objetivo geral das Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (2008-2011):

EVANGELIZAR a partir do encontro com Jesus Cristo, como discípulos missionários, à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres, promovendo a dignidade da pessoa, renovando a comunidade, participando da construção de uma sociedade justa e solidária, “para que todos tenham Vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10).
Para os Bispos do Brasil, essas orientações expressam o que é a ação evangelizadora. A metodologia para concretizá-la fica em aberto, mas estão definidos todos os elementos essenciais na evangelização: partir do encontro com Jesus Cristo como discípulo missionário; à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres, tendo como foco a dignidade da pessoa, a renovação da comunidade e a participação na construção de uma sociedade justa e solidária para chegar ao fim que é a garantia da “vida em abundância” para todos.
Caberá ao Setor Juventude da Diocese definir suas diretrizes e ações comuns a partir deste objetivo, contribuindo para que cada segmento juvenil possa assumir as diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil.
O Documento de Aparecida, iluminando o processo de formação dos discípulos missionários, traz cinco aspectos que ajudam a entender como os jovens caminham no discipulado e seguimento de Jesus: O Encontro com Jesus Cristo, a Conversão, o Discipulado, a Comunhão e a Missão. Compreender a relação desses aspectos com a caminhada de fé dos jovens é fundamental para que o Setor se torne um suporte para a evangelização na Diocese, ajudando os diversos segmentos a ampliar sua ação evangelizadora e favorecer o discipulado juvenil.
Considerando que os Bispos da América Latina e Caribe, reunidos em Aparecida, enfatizaram a importância da vida comunitária o Setor Diocesano da Juventude deve, então, atuar num movimento de mão dupla: favorecer a integração dos grupos juvenis à Igreja/comunidade e, por outro lado, ajudar a Igreja/comunidade a se tornar espaço acolhedor para os/as jovens.
Também é necessário pensar como o Setor poderá dialogar com os outros organismos eclesiais – Conselhos, outras pastorais... – e se articular com organizações juvenis de caráter não eclesial – ONG’s, grupos culturais... Essas organizações podem contribuir para que a ação evangelizadora contemple as várias dimensões da vida dos jovens e responda à pluralidade e dinamismo da juventude.

5 - Orientações práticas para que o Setor Juventude funcione na Diocese:
A responsabilidade primeira de convocação dos segmentos juvenis para articulação do Setor Juventude é do Bispo, juntamente com o Conselho Diocesano de Pastoral. A pessoa de referência para a evangelização juvenil na diocese convoca, coordena e anima a equipe responsável pela articulação do Setor Juventude, em nome do Bispo diocesano.
Reafirmando que não há receita, a CNBB sugere alguns passos para ajudar a Diocese a articular seu Setor Juventude:
a) Fazer levantamento de todos os segmentos juvenis existentes na Diocese, bem como das pessoas diretamente responsáveis por cada um deles.
b) Convocar as lideranças engajadas na evangelização da juventude a contribuir no processo de articulação.
c) Indicar e liberar pessoas para acompanhar o processo até que o próprio grupo defina sua forma e espaços de atuação como Setor Juventude.
d) Realizar reuniões e encontros com lideranças que respondem por estes segmentos. Nestas reuniões ou encontros:

Criar espaços para que cada segmento apresente sua identidade, metodologia de trabalho, atividades realizadas, opções pedagógico-pastorais, paróquias ou espaços eclesiais onde está presente, jovens envolvidos no trabalho, dificuldades enfrentadas, limites percebidos... Estes espaços são privilegiados para que os segmentos juvenis se conheçam reciprocamente e superem os preconceitos e estereótipos que nutrem em relação uns aos outros.

Propiciar tempo de estudo, reflexão e discussão sobre o fenômeno juvenil e sobre as orientações da CNBB para a evangelização, com assessoria capacitada para abordar a pluralidade e especificidade da juventude.
Possibilitar a socialização e troca de subsídios, material utilizado na formação, participação em eventos promovidos pelos diversos segmentos.
Discutir diretrizes comuns e estratégias para superar limites e enfrentar desafios.
e) Definir com o grupo uma estrutura leve e o papel do Setor Juventude na Diocese:

Qual será a composição?
Quantos representantes por segmento juvenil?
Que organograma é mais adequado à realidade diocesana?
Quem coordena?
Por quanto tempo?
Qual a função de cada representante no Setor?
Que metas e atividades podem ser assumidas em comum?
L Qual seria um calendário mínimo de reuniões e atividades?

f) Discutir os aspectos práticos do trabalho do Setor:
Infraestrutura: local, telefone, computador.
Pessoas de referência no Setor e para cada organização de juventude.
Recursos financeiros para material didático, reuniões, outras atividades.

g) Definir a equipe de assessoria e acompanhamento do Setor, com representantes indicados pelos diferentes segmentos juvenis.

6 - Princípios fundamentais para a organização do Setor Diocesano da Juventude:

Motivação, ao invés de imposição: a busca de diálogo com os diversos segmentos, ao invés de impor a criação do Setor. Tal atitude abre mais possibilidades de sucesso na articulação e integração entre eles.
Abertura à diferença: o pluralismo de carismas e metodologias, vivido na unidade, fortalece a ação evangelizadora. As diferenças entre as experiências contribuem para o crescimento de cada uma.
Respeito ao específico de cada experiência: os carismas próprios de cada experiência devem ser respeitados e considerados em suas riquezas e limites.
Postura dialógica em todo o processo: para cumprir seu objetivo de favorecer a comunhão e a unidade, o Setor deve constituir-se como espaço de diálogo entre jovens e adultos, leigos e clero, pastorais e movimentos.
Protagonismo juvenil: o formato do Setor Juventude deve ser dado pelos/as jovens, num processo que considere a experiência evangelizadora deles/as e as necessidades próprias da realidade diocesana.
Eclesiologia de comunhão e participação: a participação no Setor deve fortalecer o sentido de pertença eclesial e de coresponsabilidade sobre a missão evangelizadora da Igreja. Se os jovens se reconhecem como fundamentais dentro desse processo, sentem-se motivados a ser protagonistas na Igreja e no mundo.

A vida dos/as jovens:um caminho de discipulado e missão
É hora de agir. Espera-se que o Setor Diocesano da Juventude, desde sua organização seja testemunho do Evangelho e possibilite o cuidado com a vida dos/as jovens – ameaçada de diversas maneiras.
A Conferência de Aparecida colocou a igreja latino americana e caribenha em estado permanente de missão. Para impulsionar a participação dos/as jovens a Seção Juventude do Conselho do Episcopado Latino-Americano – CELAM propõe um caminho de discipulado e missão: garantir a vida aos nossos jovens. Em atenção a esta convocação, o Setor Diocesano da Juventude, quando bem organizado, dinamizado e com uma consistente proposta, cumpre sua missão cristã na defesa da Vida e Plenitude de nossos povos.
Tempo de missão é tempo de convocar a juventude para semear!!!